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segunda-feira, janeiro 25

O julgamento

Eles sabiam o que estavam fazendo. Dentro do seu intimo, todos eles sabiam o que estavam fazendo. Estavam decidindo cometer uma injustiça, estavam querendo julgar.
Mesmo que pelo decorrer de toda a história daquele laço forte e estreitamente amarrado de amizade que os cercavam eles tivessem pregado a liberdade e condenado a repressão estavam todos decidindo que era melhor julgar impiedosamente e talvez punir.
Um deles, já teve uma experiência, julgou e condenou, era mais seguro. Condenando aqueles com quem já compartilhou momentos decisivos da sua história era mais seguro, o protegia não só dos olhares alheios, o protegia também de si mesmo. Estava fazendo de novo, com mais tato desta vez, usando argumentos mais rápidos e eficases. 
Uma delas, fazia a mesma coisa que fez o primeiro, julgava e desejava, quem sabe, condenar por medo de si mesma. Mantia a sete chaves um segredo que sabia que já fora revelado e fingia ter esquecido para poder usar severidade e tratar implacavelmente do caso a fim de garantir-se afastada do seu "segredo". 
A outra hesitava, tinha medo de condená-la, pois sempre, sempre gritava a todos e a si mesma que todos tinham o direito de serem aquilo que desejavam ser e que não cabia a ninguém julgar. Mas ela própria tinha medo do julgamento, sabia que se eles mesmos não o fizessem junto com o resto do mundo, o resto do mundo se voltaria contra eles também, e ela tinha medo porque precisava ter consigo o resto do mundo, tinha medo da solidão. 
Uma terceira andava na corda bamba, assim como a segunda tinha medo do resto do mundo, mas não era tão inescrupulosa quanto a segunda, sentia muito, só ela poderia ajudar a segunda e elas ajudarem a todos. 
E então a culpada, que sentia-se livre e inocente como nunca. Livre porque finalmente havia libertado e gritado sua verdade aos quatro cantos de seu mundo, livre porque agora não precisaria mais fingir nada a ninguém, seria simplesmente o que era. Inocente porque aquilo afinal, não era crime algum, não feria ninguém, ou melhor dizendo, feria sim, feria aqueles que sentem-se ofendidos por haver alguém que vive a sua verdade tão descaradamente os deixando com água na boca. 

3 Espantos:

Priscila Rôde disse...

A verdade dói,
a dor passa.
Não se desculpe!

Um beijo.

fatoSempalavras disse...

Sempre somos vítimas de jilgamentos que, por muitas vezes, são balelas...

precisamos medir as horas. os passos, o ontem, e o que pode ser ou nem proceder para que ñ haja tantos julgamentos sem verdade, ou, tantas alegrias, com mentiras.

Incontáveis abraços.

Vanessa disse...

Sem palavras... Quer dizer, precisa dizer algo? Amei o texto. Verdade ou inventado uma verdadeira lição. Parabens pela fora como usa as palavras, cheias de mágica.
Amei o post!

Bjo!!