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segunda-feira, março 8

E caminhava pela rua, e observava a própria sombra.
Sentia uma sensação estranha, não sabia explicar mais havia algo diferente. Viveria uma nova fase talvez. Era assim que acontecia, as novas condições lhe traziam sensações estranhas, logo se acostumaria.
O que era dessa vez? O que a menina sentia? 
Queria voar, e sentia que podia. Bastava se sentar em um canto com silêncio, vento no rosto, caneta e papel. Voaria.
Seria capaz então de descrever todos os lugares do mundo desde que tivesse papel e caneta, e claro, vento no rosto, mesmo que nunca tivesse conhecido o tal lugar, saberia, porque estava sobrevoando o mundo e atravéz de uma fina membrana poderia então tocar a vida. Saberia os seus limites; enquanto escrevesse saberia os seus finos e delicados limites. Se esforçando, quem sabe, chegaria em seu próprio limite, entre a sanidade e a loucura, o ápice de uma simetria perfeita entre verbos e rimas, teria nesse ponto tocado o tempo. Um pé cá, outro lá, entre a razão e o algo a mais que só quem já pode perdê-la sabe dizer.  
Então descobrira a sua nova condição, a menina agora era poeta.
Viu na própria sombra uma figura mística, rara e diferente. Que tinha os olhos cantantes, a fala doce, um coração que sangra, uma alma que chora e um todo que sente, mais do que tudo e em primeiro lugar sente, e sente com infinita delicadesa e ardência, porque toca a vida, por uma fina e resistente membrana que se chama amor.