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quinta-feira, fevereiro 25

Guardou os bons momentos, todos o que se lembrava desde que era capaz de lembrar, colocou-os em uma caixinha, depositou cuidadosamente na primeira gaveta do criado mudo. Ficaria tudo ali, colecionaria momentos bons.
Estava decidido, não seria médica, professora ou advogada, seria colecionadora de felicidades, buscaria pelo mundo momentos bons e os eternizaria, por menores que fossem as felicidadezinhas, não tinha importância se fossem da espessura de alfinetes ou da proporção de explosões nucleares, sentir o coração bater mais forte valeria tudo.
Não estava fugindo da realidade, estava apenas exigindo menos, exigiria menos de si, menos da vida e do resto do mundo e das coisas do mundo. Exigir menos faria do pouco o suficiente, o acaso traria o muito às vezes e seria bom também, guardaria tudo.
Ela só queria ser diferente, correr atraz do prêmio que todos correm era muito chato. Seu prêmio seria diferente, só queria encher uma caixa, a caixa da segunda gaveta do criado mudo de momentos bons, de pessoas boas, de abraços e sorrisos. 
Não se importaria mais com as expectativas, queria só felicidade pra caixinha. Depois de cheia, abriria a caixinha e espalharia os momentos por ai, daria sorrisos aos rostos tristes e depois de acabadas as lembranças felizes guardadas começaria tudo de novo, e de novo e de novo. A colecionadora de felicidades vagaria sempre pelo mundo até que fosse necesário um sucessor. E os colecionadores vagarão eternamente pelo mundo. Existirão sempre caixinhas pequenas e agitadas nas segundas gavetas dos criados mudos.  

domingo, fevereiro 14

O que fomos

Hoje me lembrei do que fomos um para o outro. Me lembrei do que você foi para mim. Me deu aquele aperto no coração, aquela vontade de chorar. Chorei, chorei por algum tempo enquanto devorava uma barra de chocolate. Você talvez se lembre de como sou chocólatra. 
O que foi que fizemos? Quando foi que esquecemos quem somos?
A noite está fria hoje, ideal para um filme de terror daqueles que eu e as meninas morriamos de medo de assistir mas acabavamos dando risada de tudo enquanto você super corajoso ficava morrendo de medo.
Ninguém mais está aqui. 
Sem filmes, sem você, sem ninguém, sozinha. 
Quando foi que nós esquecemos que antes de sermos namorados éramos amigos?
Eu te amava, ou melhor, amo, com todas as minhas forças e esse amor não depende de beijos na boca, só da tua presença, só de saber que eu posso contar com você sempre. 
Mas eu já não posso.
E quando eu te encontro por ai, e sou obrigada a receber aquele seu "oi" frio e por pura educação. Me dói. 
Me dói e eu fico pensando se você também se sente assim. 
Talvez não. Talvez só eu esteja me consumindo por essa amizade que acabou, afinal, você parece estar muito bem, está tão sorridente com as suas novas garotas.
Talvez eu tenha que esquecer agora, esquecer o que fomos, seguir em frente. Esquecer que você é tudo pra mim. 

quarta-feira, fevereiro 10

E-mails para Natasha

De Luiza para Natasha

23 de março de 2009 

"Oi Natii! 
Como você tá amiga? Espero que bem viu!
E as coisas por ai, como são?
To muito curiosa para saber como foi o seu primeiro dia de aula na escola nova! Deve ser o máximo conhecer gente nova né?
Haa e deixa eu te contar! O Rafael me falou que ficou super triste de você ter se mudado! Adorou né? Quando você vier para cá... HUUUUUM'
HAHAHAHAHA'
Haa e tem eu né! Morrendo de saudades de você, de todas as nossas brincadeiras, de todos os incontáveis momentos que a gente passou juntas em todos estes anos de amizade!
Foi fantástico te conhecer e ser sua amiga!
Te amooooooooooo!
E não esquece de mim hein! Beijoooooo!"

De Gabi para Natasha

23 de março de 2009

"Oi Nati!
Como está tudo? Chegou bem ai?
Talvez agora nem tenham instalado a sua internet ainda, mas não to conseguindo te ligar, deve ser porque mudando de estado muda de área tembém né?
Enfim, estou te escrevendo pra te dizer algumas coisas importantes que talvez nem conseguiria dizer por telefone, assim como não consegui te dizer pessoalmente.
Sabe, desejo que a sua nova vida seja maravilhosa, e que mesmo batendo aquela saudade que eu sei que bate, que você saiba que amigos a gente faz em qualquer lugar, especialmente você, com esse jeito único de ser, rapidinho vai estar cheia de novos amigos. Te desejo toda a sorte do mundo! 
E você sabe o que é toda a sorte do mundo? 
Toda a sorte do mundo é você encontrar alguém que seja como você foi para mim quando eu cheguei aqui! Alguém que te faça sorrir e que às vezes de faça até esquecer que você deixou um monte de gente que amava para traz, longe.. em outra cidade!
Quero te agradecer por tudo! Por tem sido minha amiga, por ter me ouvido quando eu precisei, por ter chorado junto comigo muitas vezes e por tantos momentos eternos que a gente viveu! 
Agora estamos nos separando, mas eu tenho certeza que isso não vai fazer a nossa amizade morrer, não mesmo, no meu coração você vai estar sempre perto!
Lembra aquela vez que você foi atropelada e eu senti lá em casa que você tava mal? Então, vai continuar sendo assim, para sempre! 
Eu te amo Nati! Manda notícias! (Haa eu sei que vai mandar né?)
Beijos!"

sexta-feira, fevereiro 5

Iguais

Ela sentia tanto. Sentia em quantidades, sentia em profundidades, sentia em larguras e em comprimentos. Ela o sentia por todas as dimensões. 
Desde o primeiro momento fora capaz de enxergá-lo. Nesse primeiro momento, não sabia quem era ele, mas sabia o que ele era. Ele era como ela, e nada garantia essa certeza, mas ela a tinha. 
Então o tempo foi se passando irregular quando se tratava dele, mas aos poucos ela foi descobrindo quem era ele. Confirmou que eles eram mesmo iguais. 
Ela o amou. Não por ele ser como ela, porque nem sempre ela se sentia feliz consigo mesma, mas sim por ele também reconhecê-la como afim. 
Ela sabia como era, descobriu quem era, e com isso descobriu também que era um erro ama-lo, não que amar seja errado em alguma cincunstancia, mas ela consederava que deveria evitar tudo o que a fizesse sofrer, ele a faria sofrer, não porque desejasse fazê-lo, mas por razões que ela compreendia perfeitamente, ela o compreendia perfeitamente. 
Mas já era fato consumado, em pouco tempo viriam as consequências. 
O tempo foi caminhando no mesmo descompassado ritmo mas as coisas aconteceram, e agora estavam juntos.
Estavam sentados no sofá da casa dele, assistindo um filme italiano, e ela sentia tanto. Sentia em quantidades, sentia em profundidades, sentia em larguras e em comprimentos. Ela o sentia por todas as dimensões. 
Sentia que ele a amava o quanto necessário. O necessário para estar ali com ela, o necessário para não deixá-la, o necessário para ligar algumas vezes no dia para saber como ela estava e só o necessário para ter medo dos estragos que provocaria a ela se partisse.
Ele tinha medo porque sabia que enquanto ele era capaz de ama-la apenas o necessário,  ela o amava imensidões, o amava profundidades, larguras e comprimentos; inquantificavelmente. 
Ele tinha medo porque sabia que enquanto acariciava os cabelos dela assistindo aquele filme italiano que ambos adoravam, ela chorava. 
Ela chorava porque sentia as diferenças.
E ele também chorava, chorava porque assim como ela sabia de tudo. Sabia o quanto a relação era injusta, e se achava injustiçado por seu coração que mesmo tendo pertinho outro coração alguém que era tão perfeito, não parava de bater por outro alguém, que há tempos já estava longe. 
Mas eles eram iguais, ambos choravam e colocavam a culpa no filme italiano. 

segunda-feira, fevereiro 1

É claro que ela não acreditava

É claro que ela não acreditava em amor a primeira vista, afinal, essas bobagens só acontecem em filmes, novelas ou coisas do tipo e além do mais, já não estava mais na idade dessas coisas.
Mas com aquele homem era diferente, era como se ele todo fosse um imã feito especialmente para ela. Tudo nele exercia uma atração daquelas que se chama de atração fatal.
Era mais que isso, mais que atração, ela negaria, mas os olhos daquele homem que ela nem sabia como se chamava fizeram com que ela o amasse ali, naquele instante.
Ela não sabia como ele era, se tinha algum defeito ou se tinha alguma qualidade, não sabia telefone ou endereço, a única coisa que sabia era que ele tinha uma conta bancária na mesma agência que ela, apenas isso.
Ela não acreditava em amor a primeira vista, mas na noite que seguiu a tarde em que se encontraram ela mal conseguiu dormir lembrando daqueles olhos.
É claro que ela não acreditava em destino, afinal, somos nós mesmos que fazemos o nosso caminho, e já havia esperado de mais por algum sinal, esperou tanto pelo destino que mesmo que ele fizesse caretas em sua frente não perceberia. Foi por isso que construiu a sua sorte e chegou onde chegou.
Mas um tempo depois, na mesma agência de banco, ele estava lá de novo, na sua frente esperando para falar com o gerente.
Ela ficou chocada, não podia ser verdade. Era. 
Ele viroude para ela e disse:
_ Oi, meu nome é Paulo.
Ela estremeceu, como assim aquela "coisa" estava fando com ela?
_ Oi, sou Lígia.
_ Acho que já nos vimos por aqui.
É lógico que já tinham se visto, ela se lembrava muito bem!
_ É, pode ser, eu estou sempre por aqui.
Pensou "E agora?"
_ Seria muito inconveniente pedir o seu telefone?
Ela não sabia como reagir, quer dizer que ele também a achava interessante?
_ Tudo bem, vou pegar meu cartão.
Ainda bem que na semana passada a empresa para que trabalhava lhe forneceu alguns desses cartões de contato, nunca acharia a caneta.
_ Por favor. Disse ele.
Ela lhe deu o catão, sorriu embasbacadamente e inventou que o horário de almoço estava acabando, se ficasse mais cinco minutos ali começaria a dar respostas incoerentes, não dava mais para esperar o gerente poder atender.
Se despediram casualmente e ela foi embora.
No mesmo dia a noite, ele ligou.