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quinta-feira, dezembro 24

A Estrela [Parte 2]

Aos 14 anos, Louise fez um teste para uma companhia de teatro e em 1933 estreou sua primeira peça chamada "A Rosa".
No dia da estréia, Louise estava muito nervosa. Enquanto se preparava na coxia sentia cada célula de seu corpo tremer, o estômago revirou, mas ela sabia que poderia fazer aquilo, ela tinha ensaiado cada fala, sabia de cada gesto que teria que fazer, tudo milimétricamente gravado em sua memória, então ela decidiu que iria brilhar, seria a primeira vez que a estrela Louise brilharia, e dali para frente seu brilho nunca mais iria se apagar, ela seria uma estrela eterna. 
Quando Louise decidia uma coisa, estava decidido e pronto. 
Ela foi perfeita no papel de Tereza que era filha de Josefa, uma mulher determinada e sensível, que sofria com a brutalidade do marido que escolhera para si. Louise juntamente com todo o elenco de "A Rosa" foi aplaudida de pé, a peça foi um sucesso e ficou em cartaz por alguns meses.
Nos anos seguintes Louise foi parando com o balett, entrou de cabeça nos ensaios, fez parte de outras peças, e foi crescendo em sua carreira.
Até que aos 19 anos chegou o seu grande momento, o momento que qualquer atriz espera que chegue, a sua primeira protagonista.
A peça chamava-se "Menina Fêmea Mulher" de um roteirista brasileiro, Louise vivera Nadir, uma menina que tinha então 20 anos e passava pelas mudanças de menina para mulher. Foi uma peça polêmica na época, porém de grande repercussão, e que consagrou Louise como uma estrela.
Ela tinha conseguido, tinha chegado lá, sentia-se absoluta. Seus pais estavam também muito orgulhosos, principalmente a mãe, que via na filha seu sonho realizado. 
No coquetel servido depois da peça com os atores, diretores, críticos e outras figuras importantes no cenário artístico da época, Louise conheceu Marcelo Augusto Mendes, um jovem de 22 anos que adorava arte e estava acompanhando um dos críticos presentes. 
Entre risos gerais aqui e ali, eles começaram a conversar. Houve uma identificação mútua e começara naquela noite uma amizade concreta, que mudaria a vida de Louise radicalmente.
Dali para frente eles começaram a se ver de vez enquando, não era um namoro, visto que não havia empatia física entre eles. Marcelo apresentou seus amigos e amigas para Louise que na época não tinha muitos que ela pudesse chamar de amigos, dedicara toda a sua existência em aperfeiçoar-se, logo não tinha muito tempo para isso.
Com seu novo amigo, começou a frequentar os lugares mais movimentados do Rio de Janeiro, como começou a ir a praia, logo ficou mais corada e deixou aquele aspecto doente que sua pele tinha, ficou mais bonita, e com o tempo a boa menina que apesar de geniosa era muito domesticada foi ganhando uma ousadia que não vinha do berço, passou então a atrair a atenção de vários rapazes. Era uma jovem, bonita e famosa atriz, que tornou-se logo uma das moças mais cobiçadas das altas rodas da sociedade carioca. Louise Ferraz, a estrela.
O novo caráter de Louise fez com que ela conhecesse coisas que não estavam dentro dos tantos livros que devorara e nem dentro da sua sólida criação. Louise e Marcelo tornaram-se uma dupla inseparável, a mídia noticiava um namoro que não era real, eles não se incomodavam e passaram a perder as noites que vinham depois dos espetáculos de Louise em bares. Louise bebia sempre Whisky com duas pedras de gelo, o garçon já sabia, e Marcelo bebia sempre sua Bloody Mary, um coquetel raro que poucos lugares fazem e poucas pessoas apreciam.
Com sua pouca e idade e seu novo comportamento, Louise começou a ter problemas com os pais. 


[Continua]

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