Estava tudo muito desgastado ali. A tinta das paredes já havia descascado, haviam teias de aranha pelos cantos e o café muito amargo.
Algo tinha perdido o sentido, a busca tinha terminado, tudo entre eles ficou finalmente perfeito e foi vivido até a última gota. Era hora de mudar, voltar a buscar. Era hora de encher o cantil.
Ambos eram muito sensíveis, mas ela foi a primeira a perceber. Foi então alerta-lo, sabia que ele teria que aceitar, mais cedo ou mais tarde, era uma decisão para dois, nada de metades.
Pôs-se inteira no olhar mais verdadeiro, e foi contar-lhe as novas, dizer-lhe que estavam cumpridos.
No início ele discordou, mas analizou os fatos e acabou por concordar que estavam no final, as flores no jardim estavam mesmo murchando.
Despediram-se então, e é claro, não foi fácil, estas coisas pedem algumas lágrimas, mas sabiam que prorrogações seriam tentativas préviamente frustradas de tentar manter as mãos dadas enquanto a estrada pela qual caminhavam juntos bifurcava-se espontâneamente.
Desentrelaçaram-se as mãos. Seguiram sós novamente.
sábado, janeiro 30
Por Bárbara Grou. Contado às 16:27 6 Espantos
Sobre: Amor, Recortes de Vida
segunda-feira, janeiro 25
O julgamento
Por Bárbara Grou. Contado às 22:03 3 Espantos
sexta-feira, janeiro 22
Enquanto olhava a paisagem morta da grande cidade Tereza chorava, era domingo e estava vazia e sozinha em seu apartamento.
Não tinha nada a fazer, não tinha companhia, não tinha, tudo lhe faltava.
Só tinha uma coisa a se agarrar; a saudade.
Então era isso que Tereza fazia nos dias em que não tinha trabalho nenhum, agarrava-se com a saudade de um amor que a deixou, na saudade da família que sutilmente se afastou e a saudade dos amigos, que com tanta ausência de esqueceram dela.
Tinha se descuidado, sabia disso, buscou tão intensamente o poder e o controle que sempre quis, que esqueceu-se que nada daquilo faria sentido se não tivesse com quem compartilhar.
Ela conseguiu, conseguiu tudo o que queria, mas agora estava morrendo junto com a paisagem da grande cidade, morrendo como as flores que ganhou no último dia dos namorados que tinha alguém com quem compartilhar, as flores morreram por falta de água, o dia dos namorados a muito tempo secou.
Chegou exatamente onde sonhou chegar, mas esquecia alguns aniversários ás vezes e mandava a secretária dizer que estava em reunião. Tantas e tantas reuniões em mesas compridas e retângulares cheias de pessoas sérias que nada lembravam as reuniões de Natal na casa dos pais, cheias de alegria e aconchego, mas agora eram só os rostos sérios e os Natais, bem, as companhias aéreas esgotam muito cedo as passagens nesta época.
E para ficar onde estava, sempre levava trabalho para casa, não saia mais com aqueles que a conheciam tão bem e gostavam dela apesar de tudo, nunca mais as luzes da cidade e os bares de final de semana, trabalho... Trabalho.
Então no domingo Tereza acordou, encostou-se na janela do apartamento e chorou por algum tempo.
Tomou um banho, colocou uma roupa qualquer e decidiu ir respirar um pouco de ar, ainda que sujo, da cidade. Caminhou por algumas ruas distraidamente reparando no movimento das pessoas e esqueceu, como era de costume esquecer, de reparar no movimento dos carros, ao atravessar a rua, naquele domingo vazio, a esquecida tereza não fez muita questão de agarrar-se a vida como agarrou-se naquela manhã à saudade. Entregou-se.
Por Bárbara Grou. Contado às 22:22 7 Espantos
Sobre: Drama, Recortes de Vida
quarta-feira, janeiro 20
Ela deixou os chinelos na areia,
Por Bárbara Grou. Contado às 21:52 6 Espantos
Sobre: Recortes de Vida, Vida
domingo, janeiro 17
Fim
- Oi.
- Oi amor, não esperava por você agora, entra.
Como foi o dia?
- Foi bom. Na verdade não muito, tenho pensado um pouco em umas coisas.
- Quer dividir?
- Na verdade eu preciso.
- Então me diga.
- Sabe, é tão difícil, dói tanto ter que dizer assim, eu me sinto mal, de verdade.
- O que aconteceu?
- Eu te trai.
- (...)
- Por favor, não chora assim.
- O que você acha que eu deveria fazer Fernando?
- Me bate, briga comigo, só não chora assim na minha frente, eu não mereço.
- Quando?
- Começou a um mês mais ou menos.
- Começou?
- É por isso que eu não mereço que você chore, eu não te trai Marília, eu estou te traindo, eu pensei muito, e eu acho que me apaixonei por ela, me pegou de surpresa e eu não sei como explicar.
- Porque não me disse antes, porque me fez de boba este tempo todo?
- Eu estava confuso.
- Haaa você estava confuso? Eu achava que você não era tão egoísta assim!
- Para de chorar.
- Me deixa!
- Desculpe.
- Então é isso? Tudo isso de uma vez e você me pede desculpas?
- Eu vou sair da sua vida, não se preocupe.
- Você não sabe o quanto isso dói, você não tem idéia do quanto eu te amo, da forma como eu apostei cada pensamento que eu tinha em você!
- Eu também te amo.
- Cala a boca! Isso é ridículo, não me ama! VOCÊ NÃO ME AMA!
- Eu sei que não podia.
- Me abraça.
- Me perdoa minha flor.
- E se eu disser que sim?
- Eu não sei.
- Você a ama?
- Não sei.
- Porque eu não consigo te mandar embora? Porque dói tanto te dizer o que eu deveria dizer?
- Eu vou embora.
- Quem é ela?
- Trabalha comigo.
- Como você pode?
- Eu não sei explicar, eu me sinto mal por você, mas não sei o que fazer.
- Tchau.
- Quer mesmo que eu vá?
- Não, mas você não tem o direito de me perguntar.
- Eu sei, me desculpe, não vou mais te procurar.
- Sai daqui e me deixe chorar sozinha, vai embora e eu quero que você se sinta muito mal por isso, quero que você saiba que está me fazendo sofrer. Logo eu que fiz tudo por você.
- Desculpe; tchau.
Por Bárbara Grou. Contado às 20:54 12 Espantos
Sobre: Despedidas, Fim
sexta-feira, janeiro 15
Fofoca encantada
Por Bárbara Grou. Contado às 21:56 5 Espantos
segunda-feira, janeiro 11
Uma chance
Por Bárbara Grou. Contado às 21:15 5 Espantos
sábado, janeiro 9
Menina senhora
Por Bárbara Grou. Contado às 22:44 4 Espantos
Sobre: Encantado